Uma homenagem cheia de amor
Há perdas que nos deixam sem chão. Ainda a tentar aprender a lidar com a ausência da minha mãe, no dia 3 de junho despedi-me também do meu querido Kiko. Um gatinho especial, único, que durante 13 anos foi uma verdadeira lição de resiliência, doçura e confiança.
O Kiko era cego e epilético. Por isso, passou despercebido por muitos olhares, rejeitado por receios ou falta de informação. Mas eu não consegui ignorar aquele ser tão especial. Li, informei-me, pensei bastante… e decidi abrir-lhe a porta do meu coração e da minha casa.
E ele mostrou-me que a deficiência não limita o amor. O Kiko fazia a sua vida como qualquer outro gato: subia para o sofá, encontrava os seus cantinhos, reconhecia a minha voz, procurava o meu colo e a minha presença. Ensinou-me a olhar com o coração. A confiar na adaptação. A perceber que o amor verdadeiro não exige perfeição, apenas presença.
Foram 13 anos de companheirismo, de superação diária, de mimo silencioso, de ronronares reconfortantes. A sua ausência hoje pesa — não só em mim, mas também na Ozzy, a sua companheira de quatro patas, que anda inquieta e mia como se o chamasse.
Perder a minha mãe no dia 25 de maio foi uma dor profunda. Agora perder o Kiko é uma nova ferida, outra ausência que ecoa no silêncio da casa.
Ainda não sei como se supera isto. Mas sei que preciso honrar a vida deles — com lembrança, com palavras, com carinho.
Hoje escrevo não só por mim, mas por todos aqueles que já perderam um animal que era família. O Kiko foi e será sempre parte da minha história, da minha caminhada, do meu coração.
Kiko, obrigada por me escolheres como tua humana. Obrigada por cada dia. Por me ensinares que mesmo sem ver, é possível mostrar o caminho do amor.
Descansa, meu guerreiro de bigodes. 🌟
E dá um ronronzinho à minha mãe por mim.